quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Oleg Sentsov




Em greve de fome desde dia 14 de maio, o cineasta ucraniano Oleg Sentsov parece ter os dias contados. Perante a apatia global e o regresso dos autoritarismos, os combatentes pelos direitos humanos podem tornar-se uma espécie em vias de extinção

A história é conhecida mas todas as ocasiões são boas para a recordar. Na primavera de 1961, um advogado inglês, Peter Benenson, ficou indignado ao saber que dois estudantes portugueses tinham sido presos, em Lisboa, pelo simples facto de brindarem à liberdade. Dias depois, no The Observer, escreveu um artigo intitulado Os Prisioneiros Esquecidos e anunciou o nascimento de uma organização para os defender: "Abra o seu jornal num qualquer dia da semana e encontrará um relato de alguém que foi preso, torturado ou executado, num qualquer sítio do mundo, por as suas opiniões ou a sua religião serem inaceitáveis para o governo do seu país.

O leitor fica com um revoltante sentimento de impotência. E, no entanto, se estes sentimentos de revolta por todo o mundo puderem unir-se numa acção comum, algo eficaz pode ser feito." A realidade demonstrou que tinha toda a razão. A Amnistia Internacional converteu-se num organismo incontornável, ao defender milhares de prisioneiros políticos nos cinco cantos do planeta, recebeu o Prémio Nobel da Paz, em 1977, e conta hoje com sete milhões de filiados e simpatizantes em 150 países.

Só que o mundo mudou e com ele a forma como as questões dos direitos humanos são encaradas. Nos novos tempos de factos alternativos, de democracias iliberais e de líderes populistas com tiques autoritários, a defesa das liberdades fundamentais converteu-se num tema-chave. E isto a tal ponto que a revista Foreign Policy, na sua edição de Abril, decidiu abordar o tema e dedicar-lhe a capa: uma pomba branca com o corpo trespassado de setas, morta, numa montagem gráfica inspirada no quadro do mártir São Sebastião, assinado por Giovanni Antonio Bazzi, em 1525. O título não podia ser mais provocador: "O fim dos direitos humanos?" No interior, as respostas são algo ambivalentes, mas o tom final é de esperança.

Mais do que resistir, é necessária uma resistência baseada em princípios." Para o ucraniano Oleg Sentsov, este tipo de palavras já lhe serve de muito pouco.

Em greve de fome desde 14 de maio, este cineasta nascido há 42 anos em Simferopol, na Crimeia, diz estar pronto para levar a sua luta até às últimas consequências. Condenado, em agosto de 2015, a duas décadas de prisão por alegados crimes de terrorismo incluindo a tentativa de dinamitar uma estátua de Lenine, Sentsov sempre manifestou a sua inocência, e o processo judicial de que foi protagonista teve pormenores equivalentes aos julgamentos sumários da era estalinista.

Opositor à anexação da Crimeia pela Rússia, participou em inúmeras manifestações contra o Kremlin e ele próprio admite que integrou um grupo de activistas que levava comida e bebida aos soldados ucranianos sitiados pelas tropas de Moscovo. No entanto, rejeita ter participado em quaisquer iniciativas violentas. A justiça russa deu como provado que não era assim, apesar de a principal testemunha de acusação ter dado o dito por não dito e confessado que sofreu pressões para incriminar o realizador.

Quanto aos sinais de tortura e aos ferimentos exibidos por Sentsov há mais de três anos, a explicação oficial é que foi tudo auto-infligido e que o então réu era um conhecido adepto de práticas sadomasoquistas.

Agora, detido numa colónia penal da Sibéria, em Labytnangi, já no Círculo Polar Ártico, conta apenas com a solidariedade internacional.

Milhares de pessoas têm promovido inúmeros abaixo-assinados, e diversas organizações de defesa dos direitos humanos têm exigido a sua libertação, mas já ficou demonstrado que isso não chega. A Pen America, por exemplo, conseguiu reunir uma impressionante lista de escritores e artistas a intercederem por Sentsov, só que as autoridades russas permanecem indiferentes aos apelos subscritos por numerosas individualidades.

Antes e durante do Mundial de futebol, existiu a esperança de que algo poderia ser feito e, em França, várias figuras da política e da cultura tentaram convencer o Presidente Emmanuel Macron a não se deslocar ao país de Vladimir Putin, ou então a abordar o caso Sentsov com o seu homólogo russo. O resultado está bem à vista. Mesmo assim, na pátria dos direitos humanos, não se desiste. É raro o dia em que o Le Monde, o Le Figaro e afins não tragam notícias e textos ensaísticos sobre o homem que iniciou uma greve de fome que só vai terminar diz ele quando morrer ou quando a Rússia abrir as portas das celas a todos os prisioneiros políticos ucranianos (mais de seis dezenas).

Oleg Sentsov, casado e com duas filhas, sabe que a sua reivindicação não tem grandes hipóteses e, no início deste mês, escreveu o seu testamento, entretanto disponibilizado no site do Pen America: "Os heróis só morrem bem nos filmes e nos livros. Na vida real, mijam sangue nas calças, berram de dor e lembram-se das suas mães. Eu não quero ser enterrado. Quero ser cremado. Não na fogueira de qualquer inquisição, mas num simples forno crematório.



Artigo completo aqui 

Orlando de Carvalho

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Aprofundar a História 1



Nesta nova série, no blogue, tentaremos levantar algumas questões para pôr as pessoas a pensar, procurando que usem a inteligência e não o politicamente correcto ou o que parece bem ou o que os outros dizem.

Orlando de Carvalho

terça-feira, 7 de agosto de 2018

Inês Henriques





Inês Pereira Henriques nasceu em Santarém no 1º de Maio de 1980.
Foi recordista mundial em Marcha 50km, entre 13 de Maio de 2017 e 5 de Maio de 2018.
Campeão do Mundo de Marcha 50km (Londres, 13 de Agosto de 2017)
Campeã da Europa de Marcha 50km ( Berlim, 7 de Agosto de 2018), aos 38 anos