segunda-feira, 8 de junho de 2020

Cena Real em Self-service


Cena Real em Self-service

 

O pai está sentado numa mesa de 4 lugares, ao lado está um carrinho com um bebé de 9 a 12 meses. O pai guarda as cadeiras para quem está para chegar.

O bebé está em grande esforço para tirar as meias e esfrega com a força possível os pés. Tão longe quanto consegue.

Quando o bebé faz algum ruído, o pai olha, só de soslaio, sem ligar para o que ele faz ou se precisa de algo.

Finalmente o bebé consegue tocar a ponta do braço do pai que, incomodado e quase sem dar importância, o repele com um empurrar da mão.

A mãe chega com a filha. Uma criança com 7 ou 8 anos, que tinham estado a servir os tabuleiros com comida para todos.

Comem os três mas ninguém olha para o bebé que vai gesticulando.

O bebé, por fim, faz um longo suspiro. Haaam!

O pai, sem olhar na direcção do carrinho do bebé, sequer, tacteia lá a chucha, depois tacteia a boca do bebé e enfia lá o acessório tão útil.

Todos três continuam a comer e a conversar.

Todos ignoram a existência do bebé.

O pequenino entretém-se a olhar para os outros clientes do self-service, para passar o tempo.


A história nem tanto interesse assim, porque se torna cada vez mais comum.

 

Orlando de Carvalho