terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Associações de Pais

 

O movimento Associativo de Pais, em Portugal, teve início nos anos 1976/1977, muito impulsionado por Maria Barroso (esposa do dirigente socialista Mário Soares) e Nuno Krus Abecassis (dirigente do CDS e Presidente da Câmara Municipal de Lisboa).

Estou visível na foto acima.

Só em 1977 houve legislação a regular esta actividade cívica, muito mal aceite por certos sectores partidários.

Fui membro comprometido e dirigente nesta actividade cívica, desde meados da década de 1980.

Havia gente com genica. Havia gente que ia para as reuniões procurar parceiro ou parceira. Alguns tiraram proveito pessoal, outros trabalharam para o movimento sem nada esperar nem nada receber, outros andaram por lá.

Foi quando os partidos tentaram manipular o movimento e conquistar associações na maior quantidade possível de escolas. O PCP ganhou.

As associações deixaram de lutar verdadeiramente pela melhoria do ensino. Começaram, não a tratar do ensino e das linhas de orientação da política de ensino, mas de gerir creches e tempos livres. Foi o epílogo das associações de pais como tinham sido idealizadas. Eu afastei-me antes. Com pena.

E o ensino... não me parece que melhor. Nem que seja mais qualificada e eficaz a participação cívica das famílias. Sinais dos tempos.

quinta-feira, 5 de outubro de 2023

O Eremitério

 


 

 

O eremitério é como um ovo de galinha. Dentro vive o eremita, por opção ou por falta de opções separado do mundo pela casca do ovo.
Por que procurou o eremita a solidão e o isolamento dos demais?
Cada eremita tem as suas razões para se ir afastando do mundo. Se a relação com os demais é incómodo, se perdeu espaço, ou nunca o teve, se a sua voz já não é audível, se a resposta às suas questões é o silêncio, se o mundo lhe cai continuamente em cima.
O eremita é uma pessoa que participava da sociedade e desistiu, não teve força ou coragem para continuar. Ou que descobriu no eremitério uma consolação diferente.

 

sábado, 23 de setembro de 2023

Naturais de Lisboa perdem direitos de cidadania

 

Núcleo Museológico do Castelo de São Jorge - Lisboa | All About Portugal

2023.04.03

 

Ex.mo Senhor

Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

 

Excelência,

 

Nasci há 70 anos, na Sé, numa casa com entrada pelo Beco das Merceeiras e do outro lado pela Rua do Barão.

Vivi em Lisboa até casar, com 20 anos.

Então, precisei de mudar para fora de Lisboa. Resido desde então e até hoje na mesma casa no concelho de Loures.

Trabalhei a maior parte do tempo em Lisboa.

Mas nasci em Lisboa, sou lisboeta, alfacinha, e creio que se a cidade não estava em condições de me oferecer condições para lá continuar a residir, a minha naturalidade não foi alterada.

Patriarcado de Lisboa – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nasci junto à parede por trás do altar-mor da Sé Catedral, fui baptizado no mesmo Baptistério que Santo António, na Sé. A 400 metros do Castelo de São Jorge.

E considero-me injustiçado pela minha cidade natal.

Gostava de ir de novo ao Castelo, para o mostrar aos meus netos que estão em Portugal.

Acontece que, de acordo com a legislação actual, que se esqueceu de mim e de outros na minha situação, tenho de pagar entrada no Castelo.

Todavia, cidadãos do Brasil, Canadá, Japão, Arábia, Austrália, muitos do Paquistão, que nasceram a milhares de quilómetros de Lisboa e por lá viveram, até migrarem para cá podem visitar e passear no “meu” Castelo gratuitamente.

Sei que esta lei, sendo relativamente recente, não é da autoria do senhor Presidente, mas julgo da maior justiça que seja alterada. Não por que eu seja especial, mas porque há muitas pessoas na minha situação.

 

Espero merecer a sua atenção.

 

Atentamente,

 

Orlando de Carvalho