quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Os nossos netos viverão no mesmo lamaçal que nós

 
O grande problema de Portugal é que continua em vigor a herança de "conhecer um contínuo" que dá uma palavra a um director que faz o favor de tratar do assunto
Tratar, mas não resolver.
Resolver, tem de ser o interessado a mexer-se.
Mas todos sabemos que se o interessado se mexe, de acordo com a lei e para defender os seus interesses, vai acabar por chocar com um chefe (da câmara, da polícia...) e fica desde logo tramado. E marcado para o futuro. As pessoas votam por voto secreto, mas não em liberdade. Se sair o presidente da Junta, ou o vereador tal, o meu genro pode ficar sem emprego. Isto passa-se a nível global nacional em todas as actividades.
E é muito difícil dar a volta a isto. Alguém muito rico ou estrangeiro pode ter capacidade e energia para enfrentar as forças estabelecidas, mas apenas resolvem o "seu caso".
O país continua a ser grande e prestigiado à custa dos Descobrimentos, do Cristiano Ronaldo e mais alguns desportistas (que o Eusébio e a Amália já morreram), da cortiça e dos investimentos espanhóis que aqui se estabeleceram depois de a União Europeia, Cavaco Silva e outros, terem realizado a matança do nosso olival, da frota pesqueira e bacalhoeira em especial, da nossa indústria naval, em Lisboa, em Setúbal, em Viana do Castelo, da nossa indústria ferroviária, etc.
Solução?
Seria não continuar a votar nos mesmos, se houvessem outros. 
Ou ter força para enfrentar os gangs mafiosos estabelecidos e que quotidianamente crescem como cogumelos.

Orlando de Carvalho

 

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Couve lombarda à inglesa


 Os ingleses têm muitos defeitos, mas prezam dar mostras de patriotismo, embora na prática talvez não sejam assim tão patriotas. Um pouco de arrogância à mistura, mas não como os espanhóis, caramba!

Têm orgulho no que é inglês ou britânico.

O que falta aos portugueses. Há 50 anos, partíamos do princípio de que o que era nacional era mau, era inferior, tudo o que fosse estrangeiro, donde quer que fosse, era melhor que o português. Este sentimento existe ainda bastante pronunciado nos mais velhos.

E nos mais novos? Sentem algum orgulho em serem portugueses?, No que é português? É difícil, pois na realidade não conhecem a História de Portugal, a nossa cultura, as nossas tradições. Tudo chega via Internet ou outro meio digital e em inglês. Não somos os únicos. Os jovens franceses e mesmo os adultos jovens também nutrem essa submissão aos anglicanismos: música, arte, moda...

Não recordo os contornos, mas sei que após o 25 de Abril, e para evitar aproveitamentos eleitorais, foi proibida a utilização da bandeira e símbolos nacionais pelos partidos políticos. E chegou a estender-se também a marcas e rotulagem comercial. Não sei se tal lei está em vigor, ou se mesmo que esteja é das que são para cumprir ou para fazer vista grosse. Pobre Portugal.

Nos supermercados em Inglaterra, a regra é a que se vê na imagem. 

A couve lombarda (savoy cabbage) está à venda num saco com a bandeira inglesa. A maior parte dos produtos hortícolas estão identificados na rotulagem com texto e bandeira inglesa, quando são de facto ingleses, para despertar a atenção do comprador.

Eles têm orgulho no que é deles.

Foi o despertar desse orgulho que os políticos anacrónicos usaram no Reino Unido para convencerem o povo a votar a saída da União Europeia. Eu creio que está a ser mau para eles e será ainda pior, para eles e para nós europeus, mas não é esse assunto que me motiva agora.

Quem vê a origem do produto quando vai comprar laranjas ou peixe?

Ninguém, claro. Mesmo aqueles que andaram nas escolas 20 anos. Andaram lá a fazer o quê?


Orlando de Carvalho