sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Couve lombarda à inglesa


 Os ingleses têm muitos defeitos, mas prezam dar mostras de patriotismo, embora na prática talvez não sejam assim tão patriotas. Um pouco de arrogância à mistura, mas não como os espanhóis, caramba!

Têm orgulho no que é inglês ou britânico.

O que falta aos portugueses. Há 50 anos, partíamos do princípio de que o que era nacional era mau, era inferior, tudo o que fosse estrangeiro, donde quer que fosse, era melhor que o português. Este sentimento existe ainda bastante pronunciado nos mais velhos.

E nos mais novos? Sentem algum orgulho em serem portugueses?, No que é português? É difícil, pois na realidade não conhecem a História de Portugal, a nossa cultura, as nossas tradições. Tudo chega via Internet ou outro meio digital e em inglês. Não somos os únicos. Os jovens franceses e mesmo os adultos jovens também nutrem essa submissão aos anglicanismos: música, arte, moda...

Não recordo os contornos, mas sei que após o 25 de Abril, e para evitar aproveitamentos eleitorais, foi proibida a utilização da bandeira e símbolos nacionais pelos partidos políticos. E chegou a estender-se também a marcas e rotulagem comercial. Não sei se tal lei está em vigor, ou se mesmo que esteja é das que são para cumprir ou para fazer vista grosse. Pobre Portugal.

Nos supermercados em Inglaterra, a regra é a que se vê na imagem. 

A couve lombarda (savoy cabbage) está à venda num saco com a bandeira inglesa. A maior parte dos produtos hortícolas estão identificados na rotulagem com texto e bandeira inglesa, quando são de facto ingleses, para despertar a atenção do comprador.

Eles têm orgulho no que é deles.

Foi o despertar desse orgulho que os políticos anacrónicos usaram no Reino Unido para convencerem o povo a votar a saída da União Europeia. Eu creio que está a ser mau para eles e será ainda pior, para eles e para nós europeus, mas não é esse assunto que me motiva agora.

Quem vê a origem do produto quando vai comprar laranjas ou peixe?

Ninguém, claro. Mesmo aqueles que andaram nas escolas 20 anos. Andaram lá a fazer o quê?


Orlando de Carvalho

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