sábado, 23 de setembro de 2023

Naturais de Lisboa perdem direitos de cidadania

 

Núcleo Museológico do Castelo de São Jorge - Lisboa | All About Portugal

2023.04.03

 

Ex.mo Senhor

Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

 

Excelência,

 

Nasci há 70 anos, na Sé, numa casa com entrada pelo Beco das Merceeiras e do outro lado pela Rua do Barão.

Vivi em Lisboa até casar, com 20 anos.

Então, precisei de mudar para fora de Lisboa. Resido desde então e até hoje na mesma casa no concelho de Loures.

Trabalhei a maior parte do tempo em Lisboa.

Mas nasci em Lisboa, sou lisboeta, alfacinha, e creio que se a cidade não estava em condições de me oferecer condições para lá continuar a residir, a minha naturalidade não foi alterada.

Patriarcado de Lisboa – Wikipédia, a enciclopédia livre

Nasci junto à parede por trás do altar-mor da Sé Catedral, fui baptizado no mesmo Baptistério que Santo António, na Sé. A 400 metros do Castelo de São Jorge.

E considero-me injustiçado pela minha cidade natal.

Gostava de ir de novo ao Castelo, para o mostrar aos meus netos que estão em Portugal.

Acontece que, de acordo com a legislação actual, que se esqueceu de mim e de outros na minha situação, tenho de pagar entrada no Castelo.

Todavia, cidadãos do Brasil, Canadá, Japão, Arábia, Austrália, muitos do Paquistão, que nasceram a milhares de quilómetros de Lisboa e por lá viveram, até migrarem para cá podem visitar e passear no “meu” Castelo gratuitamente.

Sei que esta lei, sendo relativamente recente, não é da autoria do senhor Presidente, mas julgo da maior justiça que seja alterada. Não por que eu seja especial, mas porque há muitas pessoas na minha situação.

 

Espero merecer a sua atenção.

 

Atentamente,

 

Orlando de Carvalho