Foi pela década de 1980 que a avó ofereceu aos netos um mealheiro
que era um cofre. Fez um depósito no Montepio a favor de cada um dos netos e
recebeu o tal mealheiro com a devida ranhura para se colocar dinheiro. O cofre
só podia ser abeto nas instalações do Montepio e o dinheiro que lá existisse
era retirado e colocado na respectiva conta bancária.
Passaram alguns anos, não muitos. Os pais foram com as
crianças ao Montepio para saber quanto tinha sido depositado pela avó e abrir
os mealheiros para fazer a sua transferência para a conta.
O Montepio tinha cancelado esse sistema de poupança e tinha
roubado o dinheiro das contas crianças que tinha sido depositado pela avó. Fizeram
o favor de abrir os mealheiros e a família voltou para casa com os mealheiros,
bons para irem para o lixo, com o dinheiro que neles tinha sido amealhado e com
a notícia triste para a avó de que o Montepio tinha defraudado a confiança dela
e roubado o dinheiro das crianças. Em boa verdade, os pais das crianças não
quiseram dar essa tristeza à avó, já tão cansada de roubos e injustiças, e
nunca lhe contaram a verdade.
Até que ao passar diante de uma loja do Montepio vimos o
anúncio de que os mealheiros estão de volta.
Adivinhamos mais um roubo bancário e de banqueiros. Desta vez
já plenamente anunciado porque é reincidência. Eles vão vivendo com os golpes
de baú e contos do vigário, provavelmente convencidos que serão capazes de
levar, no caixão, aquilo roubaram, especialmente a idosas e crianças.
Orlando de Carvalho
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