Começa assim a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)
que foi adoptada em 10 de Dezembro de 1948 pela Organização das Nações Unidas:
Artigo 1: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em
dignidade e direitos.
António Salazar quis dar de si uma imagem íntegra, honesta,
patriótica, de pessoa inteligente e preocupada com os seus compatriotas, enfim,
o salvador e o pai da Pátria. Ele estava certo e errado. Foi salvador e
carrasco da Pátria e foi pai e padrasto.
Não sei e creio que ninguém o sabe com certeza documentada,
nem virá a saber, até que ponto Salazar estava informado sobre a crueldade
utilizada pelos seus agentes. Tenho a certeza que os critérios de avaliação
deste tempo não são válidos para o tempo em que a História de namoro e matrimónio
entre Salazar e Portugal teve início. A escravatura, a pena de morte, a
exploração e abuso infantil, a desconsideração de mulheres, crianças, negros, e
quase todas as subclasses humanas, era comum em todas as nações e lugares da
Terra. Infelizmente continua a ser este o pensamento que conduz a maioria da
humanidade. Ao instalar a paz na sociedade portuguesa, Salazar outorgou às
pessoas a possibilidade de optarem, não obstante a perseguição política,
criaram-se condições para as pessoas escolherem o seu caminho, em paz. Mesmo o
Partido Comunista pode existir, na clandestinidade ou semiclandestinidade, uma
vez que os seus membros não eram mortos a eito, por serem comunistas.
Salazar teve o grande defeito de ser burro ao ponto de
pensar que era tão esperto, não inteligente, que conseguia enganar todos.
No liceu havia uma disciplina chamada Organização Política e
Administrativa da Nação que em certos aspectos equivalia ao que hoje se chama
Cidadania. Aprendia-se toda a organização do Estado, desde a Constituição às
câmaras municipais, e as bases políticas e filosóficas que as fundamentavam. E
criticava-se a democracia.
A título de exemplo da burrice de Salazar e seus acólitos,
voltamos ao Artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que era
assim referida:
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais”.
Depois argumentava-se que isto é falso, porque as pessoas
não nascem iguais, umas são homens e outras mulheres, uns são brancos e outros
pretos, uns têm famílias ricas e outros pobres, uns são saudáveis e outros
doentes, etc.
De facto a Declaração Universal dos Direitos Humanos não
afirma que as pessoas nascem iguais, mas que nascem iguais em dignidade e
direitos.
Salazar mentia, o Estado Novo mentia, a escola mentia e
domava alguns menos inteligentes, mas era absurdo pensar que todos os alunos
eram tão estúpidos que iam numa cantiga destas. Mas havia muitas cantigas
destas no Estado Novo. Salazar salvou a Pátria da irresponsabilidade dos
maçónicos da I República, que em vez de restaurarem a calamidade social que a
monarquia tinha deixado instaurar, a agravaram. Mas Salazar afundou a Pátria
quando pensou que era mais inteligente que todos e o único capaz de mantar a
Pátria a salvo, mesmo mentindo, matando. A sua fotografia poderia ter ficado na
História de Portugal com uma moldura diferente.
Há muitas pessoas que estão convencidas que são mais
espertas que as outras e que conseguem enganar, não meio mundo, mas todos. Foi
sem dúvida o caso de Salazar.
Conheci um senhor proprietário de uma fábrica que na ânsia
de ganhar dinheiro à custa de enganar, passava revista às mercadorias antes de
saírem da fábrica e roubava qualquer coisa a cada peça. Pensava que era uma
maneira de enriquecer, mas nunca conseguiu passar da cepa torta. Precisamente
porque tinha fama de aldrabão.
Infelizmente parece que aumentam dramaticamente os casos
destas pessoas que estão convencidas que se poderão tornar em grandes
personagens ou milionárias, engando ou roubando tudo e todos; acreditam que
estão rodeadas de idiotas incapazes de perceber que estão a ser roubados. São
pessoas a quem falta verticalidade e dignidade, enfim, renunciam à dignidade e
direitos com que nasceram, de acordo com a DUDH.
Mas o mundo já é muito velho e dificilmente mudará. É mesmo
assim. Salazar mentia e mandava mentir, neste caso explicado e em muitos
outros, os detractores de Salazar são incapazes de reconhecer o bem que ele
fez.
Este mundo já não vai mudar. E poucos teremos direito a
Certificado de Pessoa Honesta quando formos deitados no caixão.
Orlando de Carvalho
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