domingo, 14 de janeiro de 2018

H&M contra crianças negras



Acreditamos na possibilidade e na necessidade de todos os povos, raças, culturas, religiões e ideologias viverem em paz e em harmonia entre si.
A escravatura de pessoas baseada na cor da pele é uma das mais reles e mais antigas atitudes sociais na humanidade. Nem mesmo os ensinamentos do cristianismo afastaram essa sentimento horrível daqueles que se intitulam de Cristo.
Acreditamos que quando todas as pessoas forem capazes de coexistir com as que são diferentes, respeitando-as e tratando-as com a mesma dignidade com que tratariam a sua mãe ou o seu pai, alcançaremos um mundo bem melhor, até mesmo a paz. Provavelmente nunca chegaremos até aí porque nós, humanos, em muitos aspectos, somos intrinsecamente maus. 
Chamamos com naturalidade, amizade e respeito, alentejano, loura, negro, chinês, cigano e tantas outros nomes a essas pessoas com essas características se em conversa se proporcionar. Custa-nos compreender como uma pessoa gorda, idosa, ou seja o que for, se pode sentir humilhada se alguém se referir ao facto de modo digno. Mas aceitamos que passados de perseguições excitem as susceptibilidades de algumas pessoas.


 Mas é inconcebível que na actualidade, depois dos acontecimentos nazis e tantos outros que têm ocorrido nos tempos contemporâneos, exista quem utilize a chacota racista como meio para incrementar vendas ou definir a sua atitude xenófoba.
Todos, ou quase todos, ouvimos falar do envolvimento de empresas suecas na II Guerra Mundial, utilizando trabalho escravo dos campos de concentração nazis. Mas tais empresas, como as alemãs, continuam a atrair clientes, muitos incompreensivelmente com ligações culturais, genéticas ou mesmo familiares às pessoas torturadas e assassinadas.

A H&M lançou na República da África do Sul, um Estado tão marcado pelo sofrimento da perseguição racista, duas camisolas. Na publicidade e no catálogo, surge uma criança negra com uma camisola onde se pode ler, em inglês, 

- O MACACO MAIS FIXE DA SELVA - 

e uma criança branca com outra camisola com o texto, em inglês,

- ESPECIALISTA EM SOBREVIVÊNCIA NA SELVA - 

o que motivou ondas de protestos entre a população sul-africana.
Quando finalmente estas manifestações atingiram alguma agressividade contra a marca e a empresa sueca, e se começou a pedir a expulsão da H&M da África do Sul, a empresa apresentou no seu site o mais disparatado pedido de desculpas.


Argumentam que vão investigar o que se passou, que não queriam ofender os negros, embora proponham que estas crianças usem uma camisola intitulando-se "macacas" e as suas colegas de raça branca (nórdica?) se intitulem peritas na selva (seriam concretamente Tarzans ou caçadores de macacos?).

Nós consideramos indigno todo este processo. Nós não tencionamos voltar a comprar a marca H&M ou frequentar as lojas desta marca. E não acreditamos que pessoas de bem o façam, conhecendo estes factos.

Se todos fizessem como nós, provavelmente a H&M não teria outro remédio senão criar uma nova empresa e transferir tudo para outra marca insuspeita. 
Porém, se não fizermos nada... somos colaboracionistas na bárbara cruzada que mais ou menos encapuçadamente alguns meios económicos e políticos dirigem contra os nossos irmãos do Terceiro Mundo.
Vale a pena tomar alguma atitude, sabendo que os corruptos estão constantemente a vencer?
Responde Fernando Pessoa: Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Elevemos as nossas almas.

Orlando de Carvalho

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