segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Cada vez chega mais gente a Lisboa


 

Cada vez chega mais gente a Lisboa.

E Lisboa precisa, precisamos todos, que cada vez saia mais gente de Lisboa.

Holandeses, franceses, ingleses e outros, instalam-se em Portugal, em aldeias do interior.

De facto há dificuldades.

Os governos, todos os governos que temos tido em Portugal, não querem as pessoas no interior: deitaram abaixo as maternidades, as linhas ferroviárias, fecharam escolas, não pagam a médicos para trabalhar no interior nem edificam estruturas de saúde: fecham-nas. E a cultura? O interior é paisagem, não precisa de cultura. Nem de cultura estética, nem de culturas vegetais, mas esse é outro assunto.

Mas todos os governos de Portugal falaram e falam e falarão em descentralização, em regionalização, o nome vai mudando conforme as modas. Mas já Eça e outros autores do século XIX explicavam isto muito bem.

O novo-riquismo dos governantes. A maior parte deles tem apelidos que não se originam apenas no Estado Novo, mas na monarquia. De pais para filhos. São os donos disto tudo. Como em volta de todas as grandes cidades, Lisboa está cada vez mais cercada por gente em pobreza e com infra-estruturas que não servem ninguém, a não ser os que depois fogem para o estrangeiro. Chego a pensar que o Vale e Azevedo e Sócrates tiveram azar. Coitados.

 Foto: Internet/Ecclesia

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Os nossos netos viverão no mesmo lamaçal que nós

 
O grande problema de Portugal é que continua em vigor a herança de "conhecer um contínuo" que dá uma palavra a um director que faz o favor de tratar do assunto
Tratar, mas não resolver.
Resolver, tem de ser o interessado a mexer-se.
Mas todos sabemos que se o interessado se mexe, de acordo com a lei e para defender os seus interesses, vai acabar por chocar com um chefe (da câmara, da polícia...) e fica desde logo tramado. E marcado para o futuro. As pessoas votam por voto secreto, mas não em liberdade. Se sair o presidente da Junta, ou o vereador tal, o meu genro pode ficar sem emprego. Isto passa-se a nível global nacional em todas as actividades.
E é muito difícil dar a volta a isto. Alguém muito rico ou estrangeiro pode ter capacidade e energia para enfrentar as forças estabelecidas, mas apenas resolvem o "seu caso".
O país continua a ser grande e prestigiado à custa dos Descobrimentos, do Cristiano Ronaldo e mais alguns desportistas (que o Eusébio e a Amália já morreram), da cortiça e dos investimentos espanhóis que aqui se estabeleceram depois de a União Europeia, Cavaco Silva e outros, terem realizado a matança do nosso olival, da frota pesqueira e bacalhoeira em especial, da nossa indústria naval, em Lisboa, em Setúbal, em Viana do Castelo, da nossa indústria ferroviária, etc.
Solução?
Seria não continuar a votar nos mesmos, se houvessem outros. 
Ou ter força para enfrentar os gangs mafiosos estabelecidos e que quotidianamente crescem como cogumelos.

Orlando de Carvalho

 

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Couve lombarda à inglesa


 Os ingleses têm muitos defeitos, mas prezam dar mostras de patriotismo, embora na prática talvez não sejam assim tão patriotas. Um pouco de arrogância à mistura, mas não como os espanhóis, caramba!

Têm orgulho no que é inglês ou britânico.

O que falta aos portugueses. Há 50 anos, partíamos do princípio de que o que era nacional era mau, era inferior, tudo o que fosse estrangeiro, donde quer que fosse, era melhor que o português. Este sentimento existe ainda bastante pronunciado nos mais velhos.

E nos mais novos? Sentem algum orgulho em serem portugueses?, No que é português? É difícil, pois na realidade não conhecem a História de Portugal, a nossa cultura, as nossas tradições. Tudo chega via Internet ou outro meio digital e em inglês. Não somos os únicos. Os jovens franceses e mesmo os adultos jovens também nutrem essa submissão aos anglicanismos: música, arte, moda...

Não recordo os contornos, mas sei que após o 25 de Abril, e para evitar aproveitamentos eleitorais, foi proibida a utilização da bandeira e símbolos nacionais pelos partidos políticos. E chegou a estender-se também a marcas e rotulagem comercial. Não sei se tal lei está em vigor, ou se mesmo que esteja é das que são para cumprir ou para fazer vista grosse. Pobre Portugal.

Nos supermercados em Inglaterra, a regra é a que se vê na imagem. 

A couve lombarda (savoy cabbage) está à venda num saco com a bandeira inglesa. A maior parte dos produtos hortícolas estão identificados na rotulagem com texto e bandeira inglesa, quando são de facto ingleses, para despertar a atenção do comprador.

Eles têm orgulho no que é deles.

Foi o despertar desse orgulho que os políticos anacrónicos usaram no Reino Unido para convencerem o povo a votar a saída da União Europeia. Eu creio que está a ser mau para eles e será ainda pior, para eles e para nós europeus, mas não é esse assunto que me motiva agora.

Quem vê a origem do produto quando vai comprar laranjas ou peixe?

Ninguém, claro. Mesmo aqueles que andaram nas escolas 20 anos. Andaram lá a fazer o quê?


Orlando de Carvalho

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

Um Presidente bem português que muitos invejam


 

Marcelo Rebelo de Sousa tem o apoio da maioria esmagadora dos portugueses. Este facto não tem impedido um pelo grupelho de esquerdistas de se lhe oporem, e estão no seu direito, tal como outro grupelho de extrema direita que também se manifesta incomodado com o Presidente e especialmente com o apoio que ele recebe dos portugueses.

Provavelmente menos de 100 cidadãos (talvez nem tantos porque muitos não passam de contas falsas) divertem-se a atacar o nosso Presidente nas redes sociais.

Os de extrema-direita (saudosos) tratam-no como não fariam no tempo do Estado Novo. Quem ofendesse (ou nem tanto) o chamado Cabeça de Martelo, ou algumas árvores, nomeadamente a Oliveira e a Cerejeira, recebia visitas da PIDE e passava pelo chilindró além de outros revezes na vida. Tudo dependia do estatuto de que desfrutava o ofensor. Um professor de liceu ou da primária seria expulso.

Os de extrema-esquerda sabem bem quão perigoso era ofender as personagens políticas e militares durante o PREC. Eu estive sitiado pelo COPCON.

Mas como há liberdade, toca de inventar patetices contra o Presidente Marcelo. Ele tem muitos defeitos, como eu e como o leitor destas linhas. Nenhum de nós é perfeito. Mas é necessário distinguir entre aqueles de quem discordamos e os bandidos assassinos, corruptos, ladrões e violadores.

Marcelo não tenta fazer-se passar por santo e por isso, sabendo que vive uma situação familiar irregular, de acordo com a moral que professa, não traz esse aspecto da vida privada para o foro público. E ninguém o ataca por essa razão, porque cada um sabe os podres que lhe vão em casa, na cabeça ou no coração.

É Marcelo que tem culpa que o PSD se tenha transformado numa trupe de circo que nem sequer um maestro tem?

É Marcelo que tem culpa que os vários partidos comunistas que existem entre nós vão perdendo sucessivamente o voto dos trabalhadores e as fontes de rendimento de que dependem?

Concordo em tudo com Marcelo? Não. Mas não me propuseram ainda outro com maior cariz de inteligência, honestidade e sentido de Estado. E brevemente termina o seu segundo mandato e depois dele virá quem bom o fará, como canta o provérbio, não é?

 

Orlando de Carvalho

domingo, 11 de julho de 2021

Futebol 1966-2021 A mesma batota

 

Campeonato do Mundo de Futebol 1966

 

Portugal joga no grupo sediado em Liverpool e vence todos os jogos. Nos quartos-de-final vence a Coreia do Norte no célebre jogo em que recuperou de 0-3 para 5-3. As regras ditavam que na meia-final Portugal e Inglaterra se deviam defrontar na sede do grupo de Portugal. Mas as regras foram alteradas para beneficiar a Inglaterra.

O Futebol é quase governado pela FIFA (Federação Internacional de Futebol Association), fundada em 1904. E a FIFA é filiada na International Football Association Board, abreviadamente International Board. As principais regras do futebol não são apenas aprovadas simplesmente pela FIFA, mas têm de ser ractificadas pela International Board que é actualmente composta por Inglaterra, Gales, Escócia e Irlanda do Norte mais 4 nações designadas pela FIFA. E qualquer decisão tem de ser tomada por 6 votos a favor, isto é, as quatro nações britânicas mais 2 não britânicas.

Estranho é a forma como este sistema feudal consegue persistir, não obstante as vantagens de impedir que uma maioria de países tecnicamente menos qualificados imponha regras sem sentido.

Mas há um claro favorecimento dos britânicos em todo o processo futebolístico.

E o Campeonato Mundial de 1966 foi delineado para ser ganho pela Inglaterra (pela primeira e até agora única vez).

E o presidente da FIFA, provavelmente pressionado ou mesmo ilegalmente pressionado, decretou que Portugal tinha que se deslocar do seu estádio sede para Wembley, em Londres. Com esta batota, a Inglaterra venceu Portugal, o que não conseguiria em jogo limpo. E nós ficámo-nos pelo terceiro lugar, batendo a URSS no jogo para definir os 3º e 4º lugares.

 


Campeonato da Europa 2021

 

Novamente uma competição da maior importância, logo a seguir à Copa do Mundo, foi projectada para a vitória da Inglaterra. Os jogos disputaram-se por toda a Europa, mas as duas semifinais foram definidas para Wembley, tal como a final. O maior estádio do Reino Unido cheio de adeptos, porque o Primeiro-ministro Boris Johnson até desligou das restrições relativas à pandemias para poder encher o estádio com adeptos ingleses.

 

Foi assim que o Império Britânico cresceu pelo mundo: com batota, com ilegalidades, com subornos. Na realidade, eles são muito pequeninos.

 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Há assassinos entre nós. Será em nossa casa?

Incidência a piorar. Mais mortos a chegarem?

 Hoje, numa roda de pescadores, já com idade para estarem reformados, um deles não parava de repetir:

- Assim é uma merda!

Tanta vez repetiu que eu sussurrei para quem me acompanhava:

- Aquele homem tem a boca cheia de merda.

Aproximei-me discretamente, porque ele falava com um tom de voz que costumo identificar com aqueles que têm razão e porque já estava curioso.

Queixava-se aos colegas da quantidade de turistas que via na televisão a chegarem a Portugal. Descrevia a situação:

- Fazem fila!

Em crescente irritação e em ar de compromisso, afirmava:

- Eu ando com esta açaimo e não o tiro quando me derem ordem para o tirar. Hei-de o tirar quando eu entender.

E voltava a vociferar acerca do estrume.

A televisão está cheia de especialistas que percebem tanto da Covid como eu. Vem um e diz uma coisa, vem outro e diz o contrário. Hoje mandam fazer de uma maneira e amanhã de outra.

Vem a ministra e diz uma coisa. Vem a secretária e diz outra coisa. Vem a directora da saúde e diz uma coisa diferente. E o secretário de estado também diz coisas diferentes. Enquanto não substituirmos estes socialistas ignorantes e aldrabões eu não acredito em nada. Só mentiras.

E adoptava um tom mais sério, falando com autoridade:

- E vamos piorar. Não há quem tenha mão nisto. Quem saiba governar. A incidência vai aumentar e vamos ter mais doentes e mais mortos.


E agora, digo eu: As mortes que venham a existir em Lisboa, fruto do que se passou nos festejos do Sporting, são culpa, em primeiro lugar de quem participou. Mas será mesmo? Pagamos impostos para o Governo, a Polícia, a Autoridade de Saúde encolherem os ombros enquanto uma seita decide praticar suicídio colectivo e levar outros atrás?

Eu sou adepto do Sporting, mas não sou assassino nem suicida. 

Até um pescador reformado de Setúbal (com que grau de instrução académica?) me parece que fazia melhor trabalho que António Costa, Marta Temido, Graça Freitas e PSP juntos. Se o SEF pode assassinar um ucraniano e usar armas não autorizadas, não havia nada a fazer para deter os excessos na manifestação?

Eu sou adepto do Sporting, mas não estive no Marquês, nem em Alvalade. Fiquei em casa. E não sou só eu que sei porquê.


Orlando de Carvalho