segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Educar não é censurar


Fui com a minha mulher ver uma exposição educativa na Faculdade de Ciências, nas antigas instalações da Escola Politécnica, em Lisboa, antecipando uma visita de estudo de um dos nossos filhos.

Como suspeitávamos, a exposição incluía material sexual diverso, material erótico e pornográfico. Recordo-me de uma infindável colecção de preservativos, das mais diversas dimensões, formas, espessuras, cores, decoração e, segundo anunciado, sabores.

Poderíamos conceder um certo valor educativo sexual a este folclore. Poder, podíamos. Mas…

A exposição incluía a projecção de filmes de animação em que se explicava e mostravam relações homossexuais entre homens. Estava tudo bem explicado, bem desenhado e colorido, a introdução do pénis de um homem no ânus de outro homem. E mais, muito mais.

Se a colecção dos preservativos podia despertar para o desejo de experimentar com um parceiro do outro sexo, o filme ensinava e excitava o desejo para dois meninos experimentarem uma relação homossexual. Era um apelo à homossexualidade.

Foco-me nestes dois exemplos da exposição porque já passaram cerca de vinte e cinco anos, foi por volta de 1993, e a minha memória não é tão elástica como eu talvez desejasse e tende a eliminar as coisas de menor interesse para reter as mais importantes.

Está já confirmado que o que se pretendia nessa época com tais iniciativas era simplesmente debochar a juventude e a família. O que foi conseguido em certa medida. Através de métodos de censura e repressão, mais ou menos explícita, os pais sentiam-se coagidos a colaborar e permitir que os seus filhos e filhas fossem transviados.

Depois da visita que fizemos, falei com o pai de um colega do meu filho, aquele que eu conhecia e sabia que estava moralmente mais próximo de mim. Sabia, ou pensava que sabia. Contei-lhe sobre o que versava a exposição e que eu e a minha esposa decidíramos não autorizar o nosso filho a participar na visita de estudo. O Tavares estava de acordo com a minha opinião acerca do assunto, mas adiantou logo que não tomaria atitude idêntica à minha porque receava retaliações dos professores contra o filho dele.

Uma coisa é o falar e criticar e outra diferente é o agir. Nem todos, mesmo num povo com uma História cheia de heróis, têm coragem, ousadia e temeridade suficientes para fazer o que deve ser feito. Mesmo colocando em perigo os seus filhos.

Nós não mentimos ao nosso filho, porque esse nunca foi o método educativo em nossa casa. Explicámos-lhe que não íamos autorizar a participação dele porque tínhamos visitado a exposição e não a considerávamos apropriada. E ele aceitou com naturalidade. Confiava, e graças a Deus continua a confiar, nos pais.

Veio-me à memória este caso à medida que fui lendo os títulos das notícias sobre uma exposição de fotografias pornográficas num museu do Porto. Tive mesmo que ler algumas das notícias para acompanhar o desenvolvimento do caso. A questão tem girado, afinal, em torno da protecção que alguém de bom senso quis possibilitar às crianças e jovens que pudessem visitar a exibição.

A comunicação social vem fazendo a exaltação dos libertinos e devassos ao mesmo tempo que tenta lançar na lama pessoas honestas, decentes, dignas, talvez mesmo virtuosas.

Bem hajam aqueles que tentaram limitar o acesso de crianças e jovens a uma exposição triste de fotografias tiradas por um homem que desde há trinta ou quarenta anos se empenha em fazer apelos à substituição dos valores familiares pelos da luxúria.

*As referências a deboche, devassidão e outras, aplicam-se à divulgação e incitamento das práticas referidas no texto e não a quem as pratica.

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Orlando de Carvalho

4 comentários:

  1. Segundo consegui entender as obras de teor sexual deveriam poder ser expostas em lugar reservado a menores....e o assunto ficava resolvido! Estou plenamente de acordo que a comunicação da liberdade de expressão deve ser sempre adaptada ao público alvo. Mas parece que hoje até a classificação de filmes e teatros deixa muito a desejar, como que já ninguém liga isso....o vale tudo é um mau principio mas compreendo que o fruto proibido é o mais apetecido!....

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  2. Segundo consegui entender as obras de teor sexual deveriam poder ser expostas em lugar reservado a menores....e o assunto ficava resolvido! Estou plenamente de acordo que a comunicação da liberdade de expressão deve ser sempre adaptada ao público alvo. Mas parece que hoje até a classificação de filmes e teatros deixa muito a desejar, como que já ninguém liga isso....o vale tudo é um mau principio mas compreendo que o fruto proibido é o mais apetecido!....

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Lídia25 de setembro de 2018 às 16:40
    Concordo com a educação sexual, nas escolas, mas principalmente em casa, não com atos, mas com palavras de carater protetor, para que os adolescentes e jovens se protejam, das possíveis consequências... Proibir, não é a melhor opção, mas autorizar tudo o que se lhes é apresentado, sem explicação da parte dos educadores, muito menos...Quanto ao medo dos pais, em relação às possíveis retaliações por parte dos professores, com os seus educandos, é um absurdo... Até nas praxes... há vinte e dois anos, sensivelmente, quando a minha filha mais velha entrou na Universidade, pois como todos os caloiros, entrou para as praxes. Eu, não a deixava sair à noite, nem a jantares... Numa dessas praxes, tive a sorte, digo sorte, porque não sei o que seria se as praxes continuassem. Estando as ditas praxes a decorrer em pleno centro da cidade, é óbvio que havia muita gente a assistir. A uma certa altura os ditos veteranos, mandaram deitar as meninas de barriga para o ar e os meninos deitados por cima, com gestos de fazer sexo. Aquilo começou a enojar, não só a mim como mãe, mas também alguns assistentes, enquanto as meninas se sentiam humilhadas e embaraçadas... Nada chegou a acontecer, porque eu enchi-me de coragem, subi a escadaria e puxei a minha filha de lá e acabei por humilhar os ditos doutores. O Reitor, nesse ano, proibiu as praxes... Minha filha, no princípio ficou com medo de retaliações, Mas Deus protegeu-a e antes pelo contrário, a partir daí, começaram a ajudá-la e a protegê-la. Quanto ao fruto proibido ser mais apetecido, nem sempre é assim. Depende muito da educação de casa. Pois tive mais um filho e uma filha em Universidades diferentes e nem um nem outro, quiseram as praxes e nem por isso, foram retaliados... Para tudo, o que mais vale, é a boa educação de casa. Se os pais não forem bem educados, uma vez que os filhos lhes seguem sempre o exemplo é óbvio que ainda ficam mais...Sexo explícito não é educação... Os pais deveriam olhar pelos filhos e observarem o que eles andam a aprender!

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