A greve dos motoristas de matérias perigosas foi suspensa,
mas será reactivada se as empresas se mantiverem irredutíveis na negociação
apenas para não dar o braço a torcer àquele que já as venceu, Pardal Henriques.
Este foi o grande vencedor até ao momento.
Há quantos anos não eram mexidos os salários dos motoristas?
Há muitos e as empresas recusavam revisões salariais.
A FECTRANS apanhou o comboio de Pardal Henriques e das
matérias perigosas e conseguiu negociar um acordo que há anos os patrões
negavam,
O SIMM que também tinha apanhado boleia de Pardal Henriques
e do seu sindicato, também abandonou o movimento depois de ter conseguido ter
ganhos salariais à custa de Pardal Henriques.
Pardal Henriques pode ter muitos defeitos, mas revelou-se um
excelente negociador até ao momento. E isso é que causa raiva às empresas e ao
governo.
O Governo mostrou a sua habitual incapacidade e falta de
habilidade. Foi abandonado pelo PCP, pelo BE e foi apoiado essencialmente pela
comunicação social servil, servil desse mesmo governo e das associações
patronais. Uma vergonha jornalística.
Na prática, foi decretado em Portugal uma forma de Estado de
Sítio particular. O governo achou que isto era quase uma pré guerra civil. Incitou
portugueses contra portugueses, defendeu empresas, desculpabilizou eventuais
falcatruas das empresas, perseguiu e espezinhou trabalhadores.
Então se caíssem as pontes de Lisboa ou as do Porto? Não tínhamos
que continuar a viver? E se houvesse um terramoto terrível? Quando colocaram
bombas que impediram o abastecimento de água a Lisboa em 1975, tinha eu um bebé
recém nascido, não continuamos a viver?
O governo aproveitou a situação para dar espectáculo e
fazer campanha eleitoral. O pior é que fez isto dentro do seu horário de
trabalho, enquanto estava a ser pago por nós para o desenvolvimento do país,
para a concórdia entre portugueses, para o bem estar de todos os portugueses.
De facto, se a situação fosse crítica, em algum momento, o
Presidente da República teria puxado as orelhas ao ministro Costa, como já
aconteceu publicamente. Mas não o fez e até passeou de camioneta ao lado de um
motorista, desdramatizando o que Costa tentou dramatizar.
Costa teve a lata de criticar Rui Rio por estar de férias
durante este faits divers, esquecendo que ele esteve de férias enquanto morriam
portugueses em incêndios. Burrice política a mais.
Cristas, a esperta, foi o maior bobo desta festa com a
tentativa de alterar a lei da greve. Boa tentativa, mas nem o PSD a apoiou.
André Matias de Almeida revelou-se um advogado rancoroso e
inábil. Da panelinha entre Governo e ANTRANS apenas se conclui que até agora
teve de ceder em relação a dois sindicatos, para já, e a um terceiro em vias.
Como umas férias assim, como será a rentrée política?
Orlando de Carvalho
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