Numa feira assisti à passagem de três grupos partidários em
campanha eleitoral.
Uma senhora, perto de mim, dizia em voz baixa para a amiga:
aquela ali com a bandeira na mão, quando passa por mim na rua nunca me fala,
mas agora veio cumprimentar-me e dar-me este folheto de propaganda.
Dizia outra: isto dos independentes devia ser proibido. Eles
todos têm partido, não querem é dizer.
Na esplanada, conversam dois pobres cidadãos eleitores:
- Então o Fernando é dos Independentes…
- Pois é. Mas ele não era do PSD?
- Pois era. Não sei o que se passou…
É nestes esquemas de ignorância que o povo exerce o seu
“direito de voto”.
De uma organização da Igreja Católica, quatro pessoas
candidatam-se nas listas da CDU. Como a CDU não tem nada a ver com o Partido
Comunista, é uma ampla coligação, as pessoas dizem candidatar-se como
independentes. Tanto subterfúgio, tanta desonestidade, a meu ver.
Um candidato à autarquia manifesta as suas ideias acerca do
sistema penal da nação, como se estivesse a candidatar-se a deputado. E assim
engana as gentes que vão votar.
Era suposto o regime sucessor do Estado Novo ter sido uma
democracia. Mas não foi, porque quem ganhou foram os demagogos e oportunistas.
Para quando a vez das gentes terem voz?
Orlando de Carvalho
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