quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Não vá à urgência. Morra em casa sossegado



Ouvimos com frequência comentários desonestos acerca da afluência de cidadãos aos serviços médicos de urgência. Ouvimos, certa vez, ao passar na auto-estrada perto de Leiria, uma rádio local que quase insultava os doentes que acorriam aos serviços de urgência do hospital na cidade com casos não urgentes.
As críticas vão sempre no sentido de culpar o doente.
Ainda hoje lemos na imprensa a insistência neste ponto por parte dos médicos.
Não podemos considerar honestos nem os profissionais de saúde nem os governantes que perfilam esta perspectiva.
O cidadão comum não tem capacidade para se rastrear. Os centros de saúde não dão resposta às necessidades da população.
Se parassem com estes comentários idiotas e indicassem às pessoas como devem proceder, fariam bem melhor.
Não podemos aqui acusar mortes causadas por incapacidade ou erro dos serviços de urgência, porque não o poderíamos provar e lá nos caia em cima o Carmo e a Trindade. Mas todos conhecemos casos que nos revoltam.
Quem pode decidir se o meu bebé tem uma simples constipação ou está a começar uma pneumonia? Não são os serviços de urgência? Felizmente, sete em cada dez bebés terão apenas a tal constipação, mas como podem os pais saber se o seu bebé é um desses ou se está quase a morrer, sem se dirigirem aos serviços de urgência médica onde os profissionais devem cumprir a sua obrigação de salvar vidas?
É revoltante a ligeireza com que certos profissionais pensam em ganhar dinheiro e em regalias e em direitos sem nunca chegarem a entender que o seu trabalho é um Serviço, com maiúscula, à comunidade. Melhor terem optado, ou optar ainda, por outra profissão e deixarem as que estão ligadas à saúde para quem as saiba entender.

Orlando de Carvalho

Sem comentários:

Enviar um comentário