domingo, 15 de outubro de 2017

Hoje fogo, amanhã inundação?



No dia 17 de Junho, eu não tinha qualquer notícia alarmante sobre o fogo de Pedrógão Grande e passeava no meio da floresta, à distância apenas de 25 quilómetros do incêndio.
No silêncio, escutei e a aragem que quase não corria roçou os pelos dos meus braços nus. E fiquei alarmado e comentei para quem me acompanhava.
- É estranho e assustador o ranger destes pinheiros e destes eucaliptos. Não me recordo de ter ouvido antes um ranger tão ameaçador. O ar está tão seco que me molesta os braços.
Eu tinha razão. Os cientistas vieram mais tarde confirmar e explicar o que eu estava a sentir.
A situação climática excepcional, uma catástrofe natural (que aconteceu mesmo) e a antiga e habitual incompetência que domina toda a administração pública portuguesa, completaram o que mãos criminosas iniciaram – não sei se há provas, mas não tenho dúvida.
Hoje, 15 de Outubro, circulo na ponte que atravessa a Ribeira de Pinheiro de Loures, junto à Igreja Matriz de Loures e observo o fundo do leito do rio que já não corre desde há meses, seco como imagem de deserto hostil e estremeço. Antes, ao entrar no carro, mais a sul, senti o mesmo ar irrespirável que sentira em Junho. Para amanhã existe a previsão de chuva em grande quantidade, daquelas tempestades que nesta altura do ano costumam apanhar de surpresa as autarquias e as outras entidades com competência para agir que afinal não agiram levando a catástrofes memoráveis.
Que a chuva chegue rápida, que chegue antes de alguma confluência como a de Abril venha trazer ainda mais desgraça a este país tão devastado.

Orlando de Carvalho

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