quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Status social e económico dos professores

O rectângulo assinalado a vermelho era usado como campo de jogos e actividades físicas. Hoje é um parque de estacionamento, durante o funcionamento das aulas


Já lá vai o tempo, andava eu no liceu, em que o meu pai criticava o modo como o Estado tratava a profissão daqueles que ensinavam e educavam as crianças nas escolas. Não seriam, porque nunca foram, das classes mais desfavorecidas, mas a simples anteposição da palavra professor no nome de alguém captava o respeito de qualquer pessoa.
O tempo passou e… os professores passaram a ser como os chapéus de Vasco Santana: há muitos. Como em todas as profissões, bons e maus, honestos e desonestos, gordos e magros.
Eu estou cansado de ver na televisão gente esgrouviada, normalmente comandada por conhecidos militantes partidários, a fazer figuras tristes. A situação agrava-se à medida que o tempo passa. A situação governativa, social e de falta de senso do país vai dando os contributos necessários.
Todos parecem estar de acordo que um professor que dê um estalo deve ser expulso, e julgado em tribunal. Claro que não são todos, nem sequer a maioria, mas os barulhentos são ruidosos e a gente de bem vai-se calando para não arranjar complicações.
Estranhamente, ninguém estranha que um professor ou outro funcionário da escola mande um aluno à merda ou faça comentários de cariz sexual.
Se uma professora vai com transparências para a escola ou surge nua em publicações pornográficas ou vive “na noite”, ai de quem critique, porque a vida de cada um só a si diz respeito. O exemplo que o professor devia dar de dignidade, foi-se. Tão digno é uma pessoa digna, como é um prostituto ou uma prostituta nestes dias que correm.
Um empregado de uma pequena empresa vai trabalhar em transporte público ou no seu carro e resolve o problema do estacionamento. O professor, com frequência, leva o carro e estaciona-o dentro da escola, roubando espaço destinado aos alunos; mas aqueles que não são educados, acrescem uma demonstração dessa falta de educação, porque costumam ir atrasados, mas têm que picar o ponto a horas e… atiram os seus carros contra quem lhes surja pela frente, em frequentes atitudes de falta de educação, muitas vezes contra os carros em que os pais levam os seus filhos à escola.
Recordo uma escola dos segundo e terceiro ciclos, onde fui presidente da Associação de Pais, em que disciplinarmente ilibámos um aluno que abusou sexualmente de uma aluna, mas pouco tempo depois expulsámos um aluno que riscou carros de professores.
Professor deve voltar a ser símbolo de dignidade, mas cabe aos professores fazerem por isso. Reclamar direitos sem assumir deveres é o contrário do que se devia ensinar nas escolas.

Orlando de Carvalho

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