Numa escola da região da Grande Lisboa, uma adolescente foi alvo de um
tipo particular de segregação:
– Freira! Freira! És uma freira! – divertiam-se alguns colegas, em tom
acusatório, que desta forma exprimiam a sua contrariedade pela forma de agir da
menina visada.
Não chamavam “freira” num gesto simpático, nem de um elogio, mas numa
tentativa de vexar. Pretendiam desta forma humilhar, não pelos defeitos da
jovem, mas pelas virtudes que eles se esforçavam por demonstrar que eram
defeitos, limitações, anormalidades. A anormalidade que tanto espanto causava
consistia na relutância da menina em se integrar nas conversas e noutras acções
dos colegas que chocavam com valores que ela tinha adquirido na família.
Naquele lugar, onde a promiscuidade e o ordinário eram a regra, quem não
alinhava só podia ser freira, que na interpretação daqueles adolescentes era
uma pessoa estranha que não se interessava por “curtir”. Eles não eram capazes
de distinguir entre felicidade e prazer. É este, infelizmente, o exemplo que os
jovens e as crianças recebem da nossa sociedade adulta. Olham para a televisão,
nos horários mais acessíveis aos pequenitos e aos jovens em idade escolar e
aprendem que virgindade e castidade é vergonha, quer se trate de um rapaz ou de
uma rapariga, de um homem ou de uma mulher, solteiros, casados ou viúvos. É
sinal de fraqueza, de limitação e incapacidade.
A igualdade na dignidade entre os sexos, em vez de edificar os homens,
aviltou as mulheres. Os sexos foram nivelados, na sua honra e dignidade, pela
medida mais baixa. Não interessa com quem, ou em que condições, a sociedade
ensina que é fundamental ter relações sexuais, não interessa com quem. Mais, é
importante mostrar a maturidade, integrando-se em conversas fúteis, muitas
vezes ordinárias, e quantas vezes directamente ofensivas à glória de Deus!
Mas desengane-se quem pensar que este caso é característico da região
da Grande Lisboa. Desengane-se quem pensar que isto é fruto dos nossos tempos!
O mesmo aconteceu com o jovem Marcelo Callo, um mártir da II Guerra
Mundial, elevado aos altares por João Paulo II.
Entre os colegas, no trabalho, na escola, chamavam-lhe o “Cristo” ou o
“Jesus-Cristo”, em tom pejorativo, porque ele não alinhava nas conversas
ordinárias, nas anedotas fúteis e baratas, nas visitas a bordéis e nas
diversões noutros lugares perigosos para a saúde da alma.
A grande necessidade que a Igreja tinha de um Papa como João Paulo II
era precisamente esta. Sabia-o o Espírito Santo e sabemo-lo nós agora a posteriori.
A Igreja não é um quadro muito bonito de um qualquer pintor que fica
igual a si mesmo ao longo dos séculos e vale enquanto não for danificado,
enquanto não mudar. A Igreja não é para se ver. A Igreja não é uma história que
aconteceu.
A Igreja está viva e só será Igreja enquanto estiver viva. Esta
comunidade dos que peregrinam na Terra e dos que já partiram para a eternidade,
todos reunidos em torno da pessoa de Jesus Cristo, é mesmo um espaço de
comunicação e de comunhão entre todos os seus membros.
In Orlando de
Carvalho, Os Santos de João Paulo II, Lusodidacta, 2004
A mãe tinha ensinado à Leonor a importância de manter a integridade dos
valores em que acreditava, ainda que isso lhe custasse caro e parecesse
prejudicar a sua vida. Chegada à fase do percurso académico em que devia fazer
opções, Leonor teve excelentes propostas financeiras para trabalhar em
laboratórios de manipulação genética, onde trabalharia com partes de crianças
abortadas. Provavelmente não teria de observar partes anatomicamente
identificáveis, mas saberia que estava a trabalhar com tecidos humanos que
tinham sido alvo de aborto. A jovem sempre se manteve firme. Que custos teve
isso na sua vida? Leonor nunca pensou em entregar-se a essas contas. Tinha sido
bem educada.
Bernardino estava a fazer o curso para Diácono Permanente. Ele realizava
já na sua paróquia muitas tarefas. Entre outros serviços, era ministro
extraordinário da. A meio do curso, teve um conflito com o pároco. Este
pretendia que ele despachasse com maior rapidez a purificação dos vasos, depois
da comunhão, descurando as regras estabelecidas e o respeito devido a Nosso
Senhor. O pároco queria rapidez e fazia um entendimento diferente da dignidade
da Eucaristia. Belarmino viu o seu percurso para Diácono Permanente
interrompido como retaliação do pároco e de quem dirigia o curso, e só retomado
dois anos mais tarde. Ficou magoado, mas não arrependido. Estava de consciência
tranquila.
Maria ensinou os seus meninos, desde muito pequenos, que desejava que
quando se tornassem adultos fosse, pessoas honestas. Por vezes surgiam as
questões:
- Que queres ser quando fores grande?
- Que gostavas que os teus filhos fossem quando crescessem?
A senhora manifestava sempre a mesma opinião. Importava-se apenas com a
honestidade dos filhos. Antes fossem varredores de ruas e honestos que pessoas ricas
e desonestas.
Maria devia ser o exemplo a seguir por muitos pais e mães, ou mesmo por
todos, e o mundo seria bem melhor. Infelizmente, os pais e mães desejam muitas
vezes, para os seus filhos, a riqueza, a fim de que possam morrer descansados
sabendo os filhos sem problemas na vida. Como estão enganados!
Diferentes das histórias anteriores são as que ilustram a novíssima
moda das denúncias de assédio e abuso sexual acontecidos há vários anos.
Recordamos, em primeiro lugar, o caso da secretária Monica Lewinsky e do presidente Clinton
(na imagem). Sempre
foi claro que Bill Clinton não usou de violência para obrigar a secretária ao
sexo. Sempre foi claro que onde uma pessoa lambe também pode morder. Sempre foi
claro que uma mulher honrada (que é isso? - perguntam alguns) pode optar por gritar por
socorro e recusar a luxúria, mas não foi essa a opção da secretária. Que pensa
uma mulher envolvida com o denominado homem mais poderoso do mundo?
Desconhecemos, por isso cada um pode imaginar o que quiser.
Mas coitadinha…
Depois é a pressão de tantos
lobbies. Querem criminalizar o piropo, legalizar a pedofilia, abolir os sexos,
liberalizar ainda mais o sexo, enfim, descontrolar a família, os jovens, as
crianças, a sociedade. Acabar com o casamento, expressão máxima da burguesia e
liberalizar totalmente o sexo e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, com crianças
ou com animais.
Todos os dias, mesmo todos, as
notícias dão conta de mais duas ou três pessoas contra quem foram apresentadas
queixas por supostos violados, violadas, abusados, abusadas ou assediados
sexuais.
Uma mulher queixa-se que um
famoso político, há vinte anos, subia com ela no elevador e lhe apalpou as
mamas. Ela, honradamente esperou vinte anos, ao fim dos quais perdeu a vergonha
e veio denunciar o caso e acusar publicamente a pessoa. Vinte anos depois!
Uma mulher queixa-se que há vinte
e cinco anos foi vítima. Quando foi contratada para participar num filme em que
se despia e representava cenas libidinosas de sexo, o homem que a contratou abusou
dela. Coitadinha!
Não nos parece que julgar a História
e condená-la, do modo que está em curso, seja maneira de construir uma
sociedade mais justa e mais solidária e onde a dignidade da mulher, da criança
e da pessoa humana em geral, seja devidamente considerada. Onde os homossexuais
tenham direito a defender a homossexualidade e os heterossexuais sejam acusados
de homofobia se defenderem a heterossexualidade.
Os direitos humanos não podem ser
fruto de uma caça a bruxas que fizeram feitiços há décadas atrás.
Decerto é mais importante
preparar as pessoas de hoje para educarem os seus filhos de modo a saberem
defender-se de qualquer tipo de abusadores, sejam familiares, vizinhos,
professores, colegas ou superiores, mais tarde, nos empregos em adultos. Mas
continuam pais e educadores a não acreditar quando uma criança se queixa,
directa ou indirectamente, dos avanços de alguém tido como pessoa importante e
considerada.
É preciso deter quem hoje
incomoda mulheres, crianças, ou seja quem for. E não será a perseguir quem
errou ou mesmo cometeu crimes há décadas que tal será conseguido.
Sobre a imagem:
O Thérèse
Dreaming, de Balthus, pintado em 1938, está exposto no Metropolitan
Museum of Art, em Nova Iorque.
Um dos lobbies a que anteriormente nos referimos pretende que o quadro
seja considerado ofensa por poder induzir em pedofilia e anda a recolher assinaturas
em apoio da sua causa contra a exposição do quadro com quase um século.
No mesmo sentido podemos considerar aqueles que acusam hoje Maomet de
pedófilo, como se não fossem normais, antes como agora, casamentos com
crianças. Pensemos no que se passava com a realeza que governou Portugal, por
exemplo. Acusa-se o que fizeram pessoas de outras épocas e defende-se que com
os conhecimentos e meios que hoje existem se devem incentivar as relações
sexuais entre crianças. Mundo estranho!
Orlando de Carvalho
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